Raynéia Gabrielle da Costa Lima Rocha foi fatalmente ferida quando dirigia seu carro próximo à casa do tesoureiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN)
Pierson Gutierrez Solis foi condenado a 14 anos de prisão pelo crime de homicídio e 1 ano por posse e uso ilegal de armas de fogo
A estudante de Medicina Raynéia Gabrielle da Costa Lima Rocha, natural de Pernambuco, que vivia há 6 anos na capital Manágua, Nicarágua, foi morta durante os protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega. O vigilante que confessou ter matado a brasileira, foi condenado a 15 anos de prisão, segundo os jornais El Nuevo Diario e Peru 21. Ela foi sepultada em seu estado natal e faltavam três 3 meses para concluir o curso.
O vigilante Pierson Gutierrez Solis, um ex-militar de 42 anos, especialista em armas e artes marciais, foi condenado a 14 anos de prisão pelo crime de homicídio e 1 ano por posse e uso ilegal de armas de fogo pelo Juiz Abelardo Alvir Ramos, em 28 de novembro, segundo os jornais.
Durante o julgamento, que ocorreu a portas fechadas, Gutiérrez já havia confessado ter dado vários tiros em Lima, porque supostamente dirigia de forma errática. A vítima, de 30 anos e no 6º ano do curso de Medicina na Universidade Americana (UAM), foi fatalmente ferida quando dirigia seu carro próximo à casa do tesoureiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), Francisco Lopez, de acordo com as investigações.
Até agora as autoridades não informaram se Gutiérrez pertencia a um grupo paramilitar que atua na área ou porque ele portava uma arma do tipo rifle M4, que não é legal entre os trabalhadores de vigilância. O crime ocorreu perto de uma universidade estatal que tinha acabado de ser atacada com armas pela polícia e paramilitares, com o objetivo de expulsar os alunos que permaneceram escondidos no campus como parte de protestos contra o Presidente Daniel Ortega.
A Nicarágua está passando por uma crise que resultou entre 325 e 545 mortos, 674 “presos políticos”, centenas de desaparecidos, milhares de feridos e dezenas de milhares no exílio, segundo organizações humanitárias. O governo calcula somente 199 vítimas e 273 prisioneiros e os considera “golpistas”, “terroristas” e “criminosos comuns”.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) acusaram o governo atual responsável por “mais de 300 mortos” e execuções extrajudiciais, tortura, obstrução do atendimento médico, detenções arbitrárias, sequestros e violência sexual, entre outras violações dos direitos humanos.
Ortega não admite responsabilidades e considera ter vencido uma tentativa de “golpe de Estado”. Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosário Murillo, começaram em 18 de abril, após 11 anos de governo contínuo, por fracassadas reformas na previdência social e se converteram numa exigência de renúncia.
Fonte: Brazilian Voice