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Os latinos são os que mais ajudam os EUA a funcionar durante a pandemia

Atualmente, vivem nos EUA cerca de 60 milhões de latinos, que já são quase 20% da população. Um estudo do Pew Research Center afirma que 27,5 milhões de trabalhadores do país são latinos e, segundo o diretor de Migração Global da entidade, Mark Hugo López, “são os que têm mais risco de perder os empregos do que outros grupos de norte-americanos, mas não de maneira esmagadora”.

Centenas de milhares deles, como os chamados “dreamers” e beneficiários do Daca, são trabalhadores de infraestruturas “essenciais”, como reconhece o Departamento de Segurança Nacional: “São necessários para manter serviços dos quais os norte-americanos dependem diariamente e poder operar de maneira resistente durante a resposta à pandemia de covid-19”.

Os trabalhadores latinos dizem que às vezes se sentem mais “descartáveis do que essenciais” e lutam para conquistar seus sonhos em um país que amam, mas sem esquecer suas raízes.

Um exemplo deles é Abraham Bello é um mecânico diferente. Este mexicano de Acapulco, de 47 anos, vive há 23 nos EUA. Tem uma pequena oficina em Harrison, no condado de Westchester, em Nova York, e a poucos metro, na localidade vizinha de Mamaroneck, é pastor em uma igreja protestante.

De dia, conserta carros e, no fim das tardes e nos finais de semana, prega para seus fiéis, agora pela internet por causa do coronavírus. Quando o estado de emergência foi decretado ele optou por fechar. Depois de duas semanas, começou a abrir as portas em dias programados: “Não é por necessidade, mas sim porque pessoas nos serviços essenciais precisam estar com os carros funcionando”.

Outro dos serviços essenciais e que faz parte da cultura dos EUA é o ‘delivery’, a entrega de comida a domicílio. A salvadorenha Claudia García, 42, sabe bem disso. Ela entrega comidas pelo aplicativo DoorDash e calcula que, pelo menos na região onde vive em Maryland, mais de 30% dos entregadores são latinos.

Ismael Taveras, seu irmão Julio e sua cunhada Nancy Cruz gerenciam uma lavanderia na região leste de Williamsburg, no Brooklyn (New York). Os três dominicanos contraíram o coronavírus e Júlio, de 67 anos e há 10, residente legal nos EUA, teve de ser internado no hospital por quase duas semanas.

Mas não tiveram dúvidas. Juntaram suas forças e reabriram sua lavanderia assim que puderam, um estabelecimento eles administram como um “serviço à comunidade”.

Nancy, 55, se preocupa e tenta fazer com que todos respeitem as normas de distanciamento social. Por isso, proibiu que os clientes dobrem suas roupas no local, para que as pessoas não se acumulem.

A mexicana Hilda Morales trabalha em uma empresa que embala pratos de comida para grandes redes e restaurantes há 20 anos, desde que chegou a Vernon, na Califórnia, um dos locais menos habitados do país. “Estamos decepcionados; não nos sentimos essenciais, nos sentimos descartáveis”, disse ela, ao lembrar que um de seus colegas morreu recentemente, vítima do coronavírus.

Fonte: Brazilian Press