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O que os turistas estrangeiros buscam no Brasil? Embratur revela insights estratégicos

PANROTAS / Karina Cedeño

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur

A Embratur divulgou, durante a WTM Latin America 2025, o estudo Insights de Mercado, revelando tendências e oportunidades do Turismo internacional para o setor. Apresentando pelo coordenador de Mercados Internacionais da Embratur, Alisson Andrade, o levantamento teve como base a análise de 17 países emissores estratégicos para o Brasil, que respondem por 80% do emissivo internacional.

São eles (em ordem alfabética):

  • Alemanha
  • Argentina
  • Austrália
  • Canadá
  • Chile
  • China
  • Colômbia
  • Espanha
  • Estados Unidos
  • França
  • Itália
  • México
  • Paraguai
  • Peru
  • Portugal
  • Reino Unido
  • Uruguai

O levantamento traz informações detalhadas, gráficos e tabelas sobre o funcionamento do mercado turístico de cada país, com dados sobre fluxos, perfil e ciclo de compras de serviços.

Qual é o perfil do Turista internacional que visita o Brasil?

O estudo mostra que turistas de diferentes partes do mundo que chegam ao Brasil demonstram interesse por experiências personalizadas e autênticas, com curiosidade crescente por destinos de natureza e experiências culturais regionais.

“Uma característica marcante que vemos em comum em todos os mercados é que os turistas buscam experiência, e não mais apenas o Turismo de visitação, de ir lá tirar foto e voltar para casa. Hoje o viajante que vem ao Brasil não quer só ir à praia e tirar uma foto, ele quer fazer isso e beber uma caipirinha, ter todo o lifestyle na beira da praia e a experiência de fazer uma masterclass de preparação da caipirinha”

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur

“Essa tendência está muito vinculada ao destino de natureza e às experiências culturais. Vemos isso, em particular, em turistas da Alemanha e Reino Unido. A Alemanha tem foco em Turismo sustentável e contato com a natureza, enquanto o viajante do Reino Unido é mais propenso a fazer uma viagem longa, com foco em cultura e lifestyle”, comenta Alisson.

Comportamento de compra dos turistas estrangeiros

PANROTAS / Karina Cedeño

O estudo da Embratur também traz insights sobre o canal de venda e o comportamento de compra dos turistas estrangeiros. “O que a gente percebeu de forma geral, como tendência, é que apesar do crescimento no digital, as agências tradicionais continuam desempenhando um papel importante na comercialização, principalmente quando se trata de pacotes completos, e quando falamos de viagens longas, com mais complexidade”, explica ele.

Como exemplo, Alisson cita a China, país no qual foi observada uma tendência maior de venda indireta. “Na China a gente tem 64 % das compras de viagem para o Brasil sendo feitas por meio de agências de viagens tradicionais. Já em segundo lugar, estão as agências on-line, com 21%, e em terceiro as agências corporativas, com 15%. Já nos países que já conhecem bem o Brasil, vemos um nível de compra direto muito mais intenso.”, comenta.

Destinos brasileiros nas prateleiras dos estrangeiros

O levantamento mostra que destinos tradicionais como Rio de Janeiro, Salvador e Foz do Iguaçu continuam liderando a preferência dos turistas internacionais. No entanto, há um movimento crescente de diversificação.

“Os turistas dos EUA, por exemplo, têm um interesse crescente por destinos como Amazônia e Pantanal, além dos tradicionais Rio e Salvador. E isso é interessante porque, se você pega a prateleira de destinos brasileiros dos EUA há cinco anos, vê que ela estava quase vazia, com apenas três ou quatro destinos principais. Então, nos últimos anos, lugares mais fora do padrão começam a aparecer nessa prateleira”

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur

  • Ainda no caso dos EUA, a pesquisa mostra que destinos como Belém, Lençóis Maranhenses, Fernando de Noronha e Fortaleza são destinos que de oportunidade, que começam a aparecer na prateleira dos norte-americanos;
  • Ao mesmo tempo, esses turistas estão ampliando o tempo de permanência em locais como Salvador, Ceará, Recife/Olinda e Região dos Lagos (Rio de Janeiro);
  • Os segmentos mais comercializados são destinos de sol e praia, além de cultura, gastronomia e natureza.

PANROTAS / Karina Cedeño

Destinos brasileiros que estão na prateleira dos turistas dos EUA

Destinos brasileiros que estão na prateleira dos turistas dos EUA

PANROTAS / Karina Cedeño

Estudo mostra insights sobre turistas dos EUA que devem ser observados por destinos brasileiros

Estudo mostra insights sobre turistas dos EUA que devem ser observados por destinos brasileiros

Concorrência Internacional

Segundo o estudo, o Brasil compete com destinos que oferecem experiências similares (sol & praia, natureza, cultural) e precisa destacar seu diferencial autêntico e biodiversidade.

Confira, abaixo, alguns exemplos e oportunidades para captar turistas estrangeiros de destinos concorrentes:

  • Argentina e Uruguai: turistas desses países buscam destinos como República Dominicana e México, que aparecem como fortes concorrentes para os destinos de sol e praia do Brasil;
  • EUA, Canadá, Colômbia, Peru e México disputam o viajante interessado em ecoturismo e natureza com o Brasil;
  • Canadá: o ano de 2025 oferece uma oportunidade inesperada para atrair mais canadenses ao Brasil. A guerra tarifária entre os Estados Unidos e o Canadá tem gerado um crescente descontentamento entre os canadenses, que estão cancelando suas viagens para o seu tradicional destino e buscando novas opções na América do Sul. “De fato, os turistas canadenses estão boicotando os Estados Unidos e os relatórios de inteligência apontam que eles estão buscando se distribuir por países na América do Sul. Claro, guardando as devidas proporções, os Estados Unidos não são um concorrente direto do Brasil, mas muitas vezes o canadense que ia passar férias lá nos EUA pode descer um pouco mais e passar as férias aqui no Brasil. Então, isso é uma tendência e devemos olhar para o mercado canadense com mais cuidado”.

“Outro exemplo que eu trago é o caso dos Estados Unidos, que buscam Costa Rica, Colômbia, Peru e México para fazer ecoturismo e estar em contato com a natureza. Olhamos para esses países, vemos a estratégia que eles estão fazendo e buscamos colocá-la em prática, também, da nossa forma. Mas fazemos de maneira melhor para captar esses turistas. Se eles querem fazer ecoturismo na Costa Rica, queremos trazê-los para a Amazônia”

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur

Conectividade e sazonalidade

Alguns mercados (como Colômbia e Estados Unidos, por exemplo), destacam que o aumento dos voos diretos acompanha o crescimento do interesse pelo destino Brasil.

PANROTAS / Karina Cedeño

Aumento dos voos diretos acompanha crescimento do interesse pelo destino Brasil

Aumento dos voos diretos acompanha crescimento do interesse pelo destino Brasil

“Nossos levantamentos trazem informações em tempo real sobre a conectividade internacional com o Brasil (veja neste link).A gente sabe como a malha aérea é dinâmica. Voos iniciam, voos são interrompidos. E nossos insights destacam que ações estratégicas de promoção com parceiros do setor de transportes, destinos e trade privado, além de apoio a postos diplomáticos, têm o potencial de gerar demanda para alimentar e regularizar rotas sazonais, bem como ampliar a malha aérea”.

Tendências em comum entre os mercados

O estudo da Embratur mostra, ainda, que há tendências em comum entre os turistas internacionais. Confira abaixo quais são as principais:

  • Sustentabilidade e autenticidade são valores centrais em todos os mercados;
  • Experiências combinadas (praia + cultura, natureza + gastronomia) ganham força;
  • Alta demanda por destinos que promovem saúde mental e bem-estar;
  • Segmentos como luxo, aventura, LGBTQIA+ e Turismo étnico em crescimento;]
  • Conectividade digital e conteúdo inspiracional influenciam decisões;
  • Capacitação do trade e press trips são fundamentais para posicionar o Brasil

“Essas são tendências que a gente percebeu em comum, basicamente, em todos os mercados. Sustentabilidade e autenticidade são valores centrais em todos eles. Ou seja, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial competitivo e passou a ser um elemento obrigatório em muitos mercados, como a Alemanha e do Reino Unido, que têm um olhar muito peculiar para a sustentabilidade”, comenta o coordenador de Mercados Internacionais da Embratur.

“Experiências que combinam praia, cultura, natureza e gastronomia ganham força, em particular depois da pandemia, pois agora todo mundo quer ter mais contato com a natureza, ficar ao ar livre, Também vemos alta demanda por destinos que promovem saúde mental e bem-estar. De novo, vindo do contexto de pandemia, que deu uma prejudicada nas emoções, As pessoas também aproveitam as férias e os feriados para desaparecer. Essa é uma tendência que aparece em quase todos os países que a gente pesquisou”

Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur

“Segmentos como luxo, aventura, LGBTQIA + e Turismo étnico estão em crescimento. E, por fim, vale destacar a importância da autenticidade. Tem coisas que só existem no Brasil e a Embratur valoriza isso em suas campanhas internacionais. Há praias no mundo inteiro, florestas, mas a nossa cultura, nossa música, nossa história é só nossa”, comenta Alisson Andrade.

Por fim, ele destacou a importância de divulgar esses dados para o mercado. “A Embratur já investe bastante na área de dados e tem acesso a informações sofisticadas de inteligência mercadológica, mas a gente não quer que isso oriente apenas a nossa estratégia interna. Nosso objetivo é compartilhar esses dados com os players do mercado, para ajudá-los na tomada de decisões”, comenta Alisson.

Para acessar o estudo completo da Embratur, com informações detalhadas sobre cada um dos 17 principais países emissores de turistas internacionais (incluindo nomes de operadoras estrangeiras que vendem o destino Brasil), clique aqui.

Fonte: PANROTAS