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Mãe de vítima de homicídio acolhe imigrante indocumentado em Iowa

Foto5 Mollie Tibbetts e Cristhian Bahena Rivera Mãe de vítima de homicídio acolhe imigrante indocumentado em IowaCristhian Bahena Rivera (dir.) alegou inocência no assassinato brutal da estudante universitária Mollie Tibbetts (esq.)

Cristhian Bahena Rivera, que também é indocumentado, enfrenta a acusação de matar a estudante universitária Mollie Tibbetts

Nos quatro meses que se passaram desde que os investigadores acusaram um imigrante indocumentado pela morte de Mollie Tibbetts, de 20 anos, o ódio em torno da tragédia quase desapareceu. Entretanto, a mãe da estudante universitária de Iowa, que desapareceu enquanto fazia jogging, ainda combate a retórica fomentada pelo Presidente Donald Trump, especificamente ao acolher na residência dela um adolescente indocumentado.

Na sexta-feira (28), o jornal Washington Post publicou um perfil da mãe de Tibbetts, Laura Calderwood, que ainda está se recuperando após a morte da filha. Descrita como uma “liberal vitalícia”, ela, de 55 anos, diz estar irritada quando Trump usou a morte da filha como um grito de guerra para “consertar” o sistema de imigração.

“Você viu o que aconteceu com essa incrível e bela jovem …”, disse Trump durante uma manifestação em West Virginia, poucas horas depois de a polícia ter prendido Cristhian Bahena Rivera, o suposto assassino. “As leis são tão ruins que as leis de imigração são uma desgraça”.

Vários membros da família da vítima se manifestaram contra os comentários de Trump, na época, incluindo o pai da vítima, dizendo que era o oposto do que Tibbetts queria. Entretanto, para os demais imigrantes indocumentados que moravam em Yarrabee Farms, onde Rivera trabalhava, já era tarde demais. Mensagens de ódio, telefonemas ameaçadores e ameaças legítimas supostamente começaram a aparecer, alertando os imigrantes indocumentados que permaneceram lá de que seriam deportados ou mortos.

Aterrorizados pelas ameaças, muitos dos trabalhadores decidiram fugir, incluindo os pais de Ulises Felix, um estudante de 17 anos e colega de turma do irmão de Tibbetts, Scott. Quando Felix se viu sozinho na fazenda, ele mandou uma mensagem de texto para Scott pedindo ajuda. Isso levou a um pedido nada ortodoxo de Scott para a mãe: A família poderia aceitar Felix? A decisão de Calderwood, ao que parece, foi guiada por sua falecida filha.

“As famílias imigrantes que trabalhavam lá estavam fugindo”, disse Terrence McCoy, do Washington Post. Laura pensou em Mollie. Ela argumentaria que os trabalhadores rurais não mereciam isso, que eles estavam apenas tentando ganhar a vida. O que ela diria sobre Ulises? Trazê-lo? Laura achava que o pai dele podia ser indocumentado e preocupado em atrair atenção indesejada, mas, novamente, o que diria Mollie?

Calderwood concluiu que a filha iria querer era que a família dela tratasse Felix como qualquer outro ser humano e lhe desse abrigo. Assim, apenas alguns meses após um imigrante indocumentado se declarar inocente de matar sua filha, Calderwood concordou em dar a Felix um lar temporário. Ele agora está hospedado no quarto de hóspedes da família, terminando o último ano do ensino médio.

Nas horas que se passaram desde que o artigo foi publicado, muitos internautas no Twitter elogiaram o altruísmo de Calderwood e a capacidade de ser gentil em meio a tragédia.

“Mesmo depois que a mais terrível tragédia aconteça com alguém que você ama, ainda é possível não ser um racista, movido pelo ódio, que estereotipa e generaliza todo um grupo de pessoas marginalizadas e oprimidas. #mollietibbetts” postou um usuário do Twitter. “Esse exemplo é para todos nós”, acrescentou outro.

Fonte: Brazilian Voice