
O magistrado Robert Ruehlman relatou à imprensa que telefona para o ICE cerca de uma dúzia de vezes por ano
Uma prisão ocorrida no interior de um tribunal de Cincinnati (OH) na semana passada levou ao impasse político sobre a possibilidade de agentes de imigração deter imigrantes indocumentados que comparecem às audiências. Agora, um juiz comum de apelações no Condado de Hamilton, Ohio, disse que, quando suspeita que um réu é indocumentado, ele próprio o denuncia ao Departamento de Imigração (ICE).
O Juiz Robert Ruehlman disse ao jornal The Cincinnati Enquirer, na quarta-feira (22): “Eles (indocumentados) estão cometendo um crime por estarem aqui ilegalmente e, se estiverem perante a mim, supostamente cometeram um crime”.
E como o magistrado sabe que alguém está aqui ilegalmente? Se a pessoa precisa de um intérprete, é acusada de contrabando de drogas ou tem conexões internacionais, Ruehlman disse que age de acordo com seu próprio palpite.
“Estabeleci um vínculo elevado e telefono para o ICE”, disse ele. “Estou chegando a mil. Ainda não errei uma (denúncia)”.
Ruehlman relatou que telefona para o ICE cerca de uma dúzia de vezes por ano. Ele disse que tem um bom relacionamento com a agência de segurança.
Os comentários de Ruehlman foram feitos depois que uma tempestade política foi iniciada na semana passada, quando a ICE efetuou uma prisão no interior do Tribunal do Condado de Hamilton. Na ocasião, algumas assumiram que o ICE estava sendo informado por uma agência local; talvez o escritório do xerife, talvez a administração do tribunal, entretanto, ambos negaram. Na ocasião, ninguém acusou juízes.
Ruehlman, republicano, preside a maioria dos casos criminais no Condado de Hamilton, Ohio, que abrange Cincinnati. Ele assumiu a posição no banco de reservas pela primeira vez em 1987. Foi reeleito pela última vez em 2016 para um mandato de 6 anos.
Um ativista local dos direitos de imigração questionou se as ações de Ruehlman poderiam intimidar os imigrantes a denunciar crimes.Um juiz presidente, também republicano, disse que não telefona para o ICE, mesmo que suspeite que um acusado esteja aqui de forma irregular.
‘Eu nunca ligo para o ICE’, diz o Juiz Presidente.
O ICE está impedido de efetuar prisões em certas áreas consideradas “sensíveis”, especificamente igrejas, escolas e hospitais. Alguns legisladores de Nova York lutaram para adicionar tribunais a essa lista. Ruehlman disse, no entanto, ele acha que esse argumento é um “irrelevante”. Ele disse que mesmo em casos que envolvem imigrantes obviamente indocumentados, o ICE trabalhou com o tribunal dele e promotores para permitir que os estrangeiros testemunhem.
O Juiz Charles Kubicki, presidente e administrativo da Corte de Apelações Comuns, disse que não sabia que Ruehlman havia entrado em contato com a ICE e disse que não tinha conhecimento de outros juízes. Ele acrescentou que, tanto quanto ele sabe, não existem regras ou leis que impeçam os juízes de contatar agentes de imigração, mas que não há leis que exijam que os juízes façam isso também.
Kubicki disse que, para ele, questões de imigração estão entre o réu e o governo federal.
“Eu nunca telefono para o ICE”, disse ele. “Eu não sei o número deles”.
O magistrado explicou que se uma pessoa decide se declarar culpada de uma acusação, o tribunal deve perguntar sobre sua cidadania e informar aqueles que seu status de imigração poderá ser afetado por uma condenação. Kubicki disse que, mesmo que uma pessoa admita que esteja indocumentada no país, ele não sentiria nenhuma obrigação de denunciá-la. No entanto, ele também acrescentou que não se oporia se agentes federais prendessem alguém em seu tribunal.
“É entre ele e os Marshalls dos EUA”, disse Kubicki. “É o encontro mais seguro para todos os envolvidos”.
Fonte: Brazilian Voice