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Usonia: o que resta do subúrbio utópico de Frank Lloyd Wright em Nova York





Usonia: o que resta do subúrbio utópic… | Viagem e Turismo





















A Sol Friedman House, concluída em 1948, é um dos desenhos mais diferentes de Pleasantville, já trazendo as experimentações circulares que Wright consagrou no muito mais ambicioso Guggenheim de Nova York (Stilfehler/Wikimedia Commons)
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Começando nos anos 1930 e seguindo até sua morte em 1959, o arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright embarcou em um dos projetos mais ambiciosos de sua carreira – não pela dimensão dos edifícios que foram construídos, mas pelo conceito que guiou os desenhos. A ideia, reunida na noção de Usonia (lê-se Usônia), era erguer casas relativamente baratas e totalmente integradas às paisagens típicas dos Estados Unidos, mesmo que para isso fosse necessário ignorar convenções arquitetônicas seguidas em outros trabalhos.

Naquela altura, Wright já era considerado um dos profissionais mais importantes de sua geração, com um escritório requisitado para alguns dos desenhos mais audaciosos do período. Na mesma época em que começou a idealizar a empreitada “usoniana”, ele realizava em paralelo projetos como a famosa casa Fallingwater (uma residência sobre uma queda d’água na Pensilvânia) e o museu Guggenheim de Nova York.

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Projeto residencial mais famoso de Wright, a deslumbrante Fallingwater não é considerada um exemplar usoniano, mas também traz a marca da integração com o ambiente ao redor que guiou os desenhos do arquiteto (Percival Kestreltail/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)

Cerca de 60 residências seguindo esse conceito foram construídas ao redor dos Estados Unidos até 1964, já depois da morte de Wright, com os exemplares mais bem conservados podendo ser vistos hoje na cidade de Pleasantville, no interior de Nova York.

Características das casas usonianas

Longe da escala monumental de um Guggenheim, ou da encomenda feita por uma família endinheirada como a que rendeu Fallingwater, em Usonia as casas “utópicas” pretendiam receber moradores de classe média. Por isso, eram projetos menores: residências unifamiliares e discretas com apenas um andar, em lugares à época vistos como baratos. Em geral, nem garagem havia: Wright preferia o termo “carport”, nome que cunhou para se referir à espécie de alpendre aberto nas laterais onde é possível estacionar um carro em frente à casa.

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Mais do que a simplicidade do projeto, a integração com o ambiente ao redor e o uso de materiais próprios do lugar – a presença de madeira é abundante em casas usonianas – são as verdadeiras marcas que ajudam a distinguir essas casas de outros projetos de Wright. O próprio nome guarda relação nativista com o que era visto como típico da América: Usonia é um termo inventado ainda no século 19 como a abreviação de uma denominação alternativa para o país – United States of North Independent America.

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A “Jacobs I”, primeira casa usoniana, fica no Wisconsin (xiquinhosilva/CC BY 2.0/Wikimedia Commons)

A primeira residência do tipo é a “Jacobs I”, feita para o casal Hertbert e Katherine Jacobs, na cidade de Madison, no Wisconsin. Construída em 1937, ela passou a ser considerada um Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2019. Mas, como é difícil procurar exemplos usonianos isolados pelo mapa norte-americano, curiosos com esse estilo de arquitetura acabam sendo bem servidos com uma esticada até Pleasantville, a cerca de 50 km da cidade de Nova York.

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Por lá, Wright e seus discípulos projetaram 47 casas no que hoje é conhecido como Usonia Historic District, uma área tombada que ocupa cerca de 40 hectares. Três das residências foram projetadas diretamente por Wright, que também ajudou a aprimorar e carimbar os projetos das demais. Entre as ideias para garantir uma paisagem fluida estava a proibição às cercas: os moradores originais assinaram um acordo garantindo que o terreno de cada casa não teria uma barreira física, dando uma aparência de casas surgidas organicamente em meio à área coberta por vegetação nativa.

Como visitar Usonia

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A Roland Reisley House é uma das três inteiramente projetadas por Wright no bairro de Pleasantville (Stilfehler/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)

O Usonia Historic District continua sendo um bairro habitado – pelos filhos dos moradores originais ou por pessoas diferentes que foram adquirindo as casas ao longo das décadas. Embora grande parte do espírito de cooperação entre vizinhos que guiou o projeto original tenha ficado no passado (assim como os baixos preços, já que o local se tornou icônico e extremamente valorizado), ainda é uma área residencial como qualquer outro subúrbio norte-americano.

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Isso significa, por um lado, que é possível ir a Pleasantville e circular entre as casas. Mas, por outro, em geral só dá para fazer isso por fora, a menos que você consiga fazer amizade com algum morador. O recomendado é ir de carro, para conseguir percorrer a vizinhança mais facilmente e não gerar nenhum desconforto com os locais.

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Fonte: Viagem e Turismo