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O gasoduto Nord Stream 2 vai da costa do Báltico da Rússia ao nordeste da Alemanha
Novas ameaças dos Estados Unidos sobre o gasoduto Nord Stream 2 colocaram o polêmico projeto de volta aos holofotes.
O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu na terça-feira (8/2) fechar o gasoduto russo para a Alemanha caso a Rússia decida invadir a Ucrânia.
Em conversa com o chanceler alemão Olaf Scholz em Washington, Biden disse que os EUA “acabarão” com o oleoduto Nord Stream 2.
Em Moscou, o presidente francês Emmanuel Macron conversou com o presidente russo Vladimir Putin em um esforço diplomático contra a possibilidade de um conflito.
Há crescentes temores ocidentais de uma invasão russa à Ucrânia — mas o governo de Moscou nega qualquer intenção.
A Rússia tem atualmente mais de 100 mil soldados concentrados nas fronteiras da Ucrânia.
No mês passado, os EUA já haviam indicado que o novo gasoduto entre a Rússia e a Alemanha pode não ir adiante.
O gasoduto multibilionário está cada vez mais sendo visto como uma moeda de troca importante nos esforços ocidentais para evitar uma possível invasão russa.
O que Biden e Scholz disseram sobre o Nord Stream 2?
Quando perguntado sobre o Nord Stream 2, o presidente dos EUA disse que “se a Rússia invadir […] novamente, não haverá um Nord Stream 2. Vamos acabar com isso”.
No entanto, ele não deu detalhes sobre como isso seria feito, respondendo apenas: “Eu prometo a você que seremos capazes de fazê-lo”.
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Olaf Scholz e Joe Biden discutiram a relação do Ocidente com a Rússia
Scholz — em sua primeira viagem a Washington desde que se tornou chanceler e sob críticas por sua resposta à crise na Ucrânia — foi mais ambíguo sobre o gasoduto.
Mas ele disse que os EUA e a Alemanha estão “absolutamente unidos” nas sanções contra a Rússia caso haja uma invasão da Ucrânia, dizendo que “daremos os mesmos passos e eles serão muito, muito difíceis para a Rússia”.
O que é o Nord Stream 2?
O Nord Stream 2 é um projeto de gasoduto de 1,2 mil km que vai do oeste da Rússia ao nordeste da Alemanha sob o mar Báltico.
As obras foram concluídas em setembro passado. Mas a Gazprom, empresa estatal russa dona do gasoduto, ainda aguarda a aprovação de reguladores europeus antes de abrir as torneiras.
O projeto de 10 bilhões de euros (R$ 60 bilhões) foi concebido para dobrar a quantidade de gás natural que sai da Rússia diretamente para a Alemanha. O gás atualmente viaja através do gasoduto Nord Stream original, que foi concluído em 2012.
Se for autorizado a operar, o gasoduto poderá enviar 55 bilhões de metros cúbicos de gás para a Alemanha a cada ano.
Por que é tão controverso?
Críticos dizem que o gasoduto é uma ferramenta da política externa russa — e o projeto tem recebido forte oposição dos EUA, Ucrânia e Polônia.
Os EUA temem que o gasoduto torne a Europa ainda mais dependente da energia russa, dando poder ao presidente russo, Vladimir Putin.
A Ucrânia também quer que o gasoduto seja rejeitado.
A Rússia envia grande parte de seu gás para a Europa através da Ucrânia. Mas os gasodutos Nord Stream 1 e 2 contornam o país.
Isso significa que, com o novo gasoduto, a Ucrânia pode perder 1,8 bilhão de euros (R$ 10 bilhões) em tarifas de “trânsito” que ganha com o gás que passa por seu território através de outros dutos. A Ucrânia diz que está sendo punida por suas relações próximas com o Ocidente.
A Polônia está descontente por não ser usada como país de trânsito para o fornecimento de gás russo para a Europa.
Por que o gasoduto é uma moeda de troca tão importante?
O gasoduto poderia ser vetado pelo Ocidente como forma de mostrar a Putin que uma invasão da Ucrânia teria um alto custo financeiro.
O secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse que o gasoduto é uma “peça de barganha” que o Ocidente pode usar contra Moscou.
Wallace disse que o gasoduto é “uma das poucas peças que podem fazer a diferença”.
Para a Rússia, o gasoduto é importante, pois manda gás diretamente para a Europa, reduzindo os custos de envio.
Aqueles que apoiam as sanções ao gasoduto dizem que isso seria um golpe para Moscou — deixando a Rússia com menos receitas e mostrando que a Europa não depende da energia russa.
O que acontece se o gasoduto for rejeitado?
Isso acarretaria em custos para a Europa.
O continente já está enfrentando uma crise de preços crescentes da energia, com fornecimento de gás russo abaixo do normal.
A Alemanha precisa muito do gás do gasoduto. O gás poderia aquecer 26 milhões de lares alemães e facilitar a transição do país para a energia renovável.
O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, alertou: “Se houver sanções, não haverá nenhuma que não atinja a economia alemã”.
Mas analistas dizem que o maior perigo é se a Rússia interromper o fornecimento de gás dos gasodutos existentes através da Ucrânia.
Existem outras opções de fornecimento gás para alguns países. A Alemanha pode importar o produto da Noruega, Holanda, Grã-Bretanha e Dinamarca por meio de gasodutos.
Mas a Noruega, o segundo maior fornecedor da Europa, disse que já está entregando gás natural para a Europa na capacidade máxima e que não pode substituir a Rússia.
Os EUA estão conversando com países produtores de gás em todo o mundo para tentar garantir reservas para a Europa, caso a Rússia feche seus gasodutos.
Mas há preocupações também com a logística do transporte de gás natural para a Europa.
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Fonte: BBC