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‘Quis construir pontes, não muros’: 5 momentos marcantes do funeral do papa Francisco

Caixão do papa Francisco foi posicionado na Praça de São Pedro, no Vaticano

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Caixão do papa Francisco foi posicionado na Praça de São Pedro, no Vaticano

O funeral do papa Francisco reuniu neste sábado (26/4) cerca de 400 mil pessoas, entre católicos e outros espectadores, membros do clero e chefes de Estado do mundo inteiro.

A cerimônia destacou o trabalho do primeiro pontífice da América Latina em prol dos mais pobres e da paz mundial.

“As demonstrações de afeto que testemunhamos nos últimos dias após sua passagem desta terra para a eternidade nos dizem quanto o pontificado do papa Francisco tocou mentes e corações”, afirmou o cardeal italiano Giovanni Battista Re, que fez a homilia.

Segundo analistas, a cerimônia teve um tom político ao mencionar os imigrantes e lembrar que o papa “quis construir pontes, não muros”.

O evento também ficou marcado pelo encontro entre líderes globais, entre eles o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — incluindo uma reunião informal entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, dentro da Basília de São Pedro.

Com isso, ele se tornou o primeiro papa desde Leão 12, que morreu em 1903, a ser sepultado fora do Vaticano.

Disposição de grupos durante o funeral de um papa na Praça de São Pedro

1. A chegada do caixão

O funeral começou pouco depois das 9h da manhã, no horário local, quando os sinos da Basílica de São Pedro tocaram.

O caixão com os restos mortais de Francisco foi levado para a praça de São Pedro.

Antes, os dignatários convidados para o funeral tiveram a oportunidade de prestar as últimas homenagens ao pontífice de forma privada, dentro da Basílica de São Pedro.

O caixão do papa sendo carregado

Crédito, Reuters

O caixão foi colocado em frente ao altar. Nesse momento, foi possível ouvir um enorme aplauso dos mais de 250 mil fiéis presentes.

Em cima do caixão modesto que Francisco escolheu para seu enterro, construído em madeira e revestido de zinco, foi colocado o Livro do Evangelho aberto — enquanto a praça assumia em um silêncio absoluto.

Basílica e Praça de São Pedro

2. As palavras do cardeal

O funeral foi conduzido pelo decano do Colégio Cardinalício, o cardeal Giovanni Battista Re.

O italiano de 91 anos foi ordenado pela Diocese de Brescia em 1957.

Ele foi eleito decano do Colégio Cardinalício em 2020 — e o papa Francisco estendeu o mandato de Battista Re em fevereiro deste ano.

Ele participou do conclave de abril de 2005, que elegeu o papa Bento 16, e do conclave de março de 2013, que elegeu o papa Francisco.

cardeal Giovanni Battista Re

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O funeral foi conduzido pelo decano do Colégio Cardinalício, o cardeal Giovanni Battista Re

O cardeal Giovanni Battista Re prestou homenagem à “liderança pastoral” do Papa Francisco, que, segundo ele, foi mantida “por meio de sua personalidade resoluta”.

“Ele estabeleceu contato direto com as pessoas e os povos, desejoso de estar próximo de todos, com uma atenção especial aos que se encontravam em dificuldade, doando-se sem medida, especialmente aos marginalizados, aos últimos entre nós”, disse o cardeal.

“Ele foi um papa entre o povo, de coração aberto a todos. Foi também um papa atento aos sinais dos tempos.”

Vista aérea da Praça de São Pedro

Crédito, EPA

Legenda da foto, Centenas de milhares de pessoas se reuniram na Praça São Pedro para o funeral do papa Francisco

Segundo Sarah Rainsford, correspondente da BBC, a homilia foi “cheia de cores” sobre a vida de Francisco.

Ainda segundo ela, em alguns momentos o discurso pareceu político, “especialmente considerando quem está na multidão”.

O cardeal Giovanni Battista Re, que conduz a cerimônia, falou sobre os apelos do papa Francisco para “construir pontes, não muros” — e sua compaixão pelos migrantes.

O tema da imigração gerou certa tensão com Donald Trump no passado — com Francisco chamando a expulsão de imigrantes sem documentos dos EUA de “uma vergonha”.

Para Rainsford, a homilia foi acompanhada por momentos de aplausos entre a multidão.

A menção à primeira viagem do papa ao exterior, quando ele se encontrou com refugiados na ilha italiana de Lampedusa, foi recebida pelo público com palmas.

Presidente Lula chega ao funeral do papa Francisco

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Presidente Lula chega ao funeral do papa Francisco

3. A reunião de Trump e Zelensky

Dezenas de autoridades participaram da cerimônia na Praça de São Pedro.

Emmanuel Macron, da França, Olaf Scholz, da Alemanha, e Giorgia Meloni, da Itália, também estão entre os que acompanham a cerimônia.

Príncipe William no funeral do papa Francisco

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O príncipe William representou o rei Charles 3° no funeral do papa Francisco

Segundo repórteres da BBC no local, aplausos espontâneos explodiram entre a multidão quando Zelensky desceu os degraus da Basílica de São Pedro para tomar sua posição para a cerimônia.

Zelensky ainda se encontrou com Trump antes do culto numa reunião improvisada dentro da basílica.

Segundo a Casa Branca, os dois líderes tiveram uma “discussão muito produtiva”.

Esta é a primeira vez que os dois líderes se encontram desde a controversa reunião no Salão Oval, no final de fevereiro, quando Zelensky foi acusado de não mostrar gratidão pela ajuda americana à Ucrânia.

Trump e Zelensky

Crédito, Andriy Yermak/Telegram

Legenda da foto, Zelensky e Trump se encontraram antes do culto numa reunião improvisada dentro da Basílica de São Pedro

4. A inédita procissão para o descanso final

No final da cerimônia, o cardeal Giovanni Battista Re abençoou o caixão do papa com água benta, antes de queimar incenso em um turíbulo — um símbolo de purificação.

Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram três vezes — pontualmente ao meio-dia, horário local — após a bênção do caixão.

Segundo Laura Gozzi, repórter da BBC na Praça de São Pedro, o silêncio neste momento foi total, exceto por um helicóptero que sobrevoava a região.

Rota do funeral do papa Francisco

Na sequência, os carregadores levantaram o caixão do papa para ser levado de forma inédita em procissão até a Basílica de Santa Maria Maior.

Ele escolheu ser sepultado na igreja em Roma, perto de sua imagem favorita da Virgem Maria.

O caixão do papa Francisco foi transportado do Vaticano para a Basílica de Santa Maria Maior em um papamóvel adaptado.

Papamóvel com caixão do papa Francisco

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Caixão de Francisco foi transportado num papamóvel adaptado

5. O sepultamento fora do Vaticano

Sepultamento de Francisco

Crédito, Vaticano

Francisco foi o primeiro papa desde Leão 12, que morreu em 1903, a ser sepultado fora do Vaticano.

Ele também pediu para ser sepultado em um caixão simples de madeira, ao contrário de seus antecessores, que foram enterrados nos tradicionais caixões de três compartimentos, feitos de cipreste, chumbo e carvalho.

Em um comunicado, o Vaticano informou que o “sepultamento foi um evento privado, permitindo que as pessoas mais próximas a ele prestassem suas homenagens”.

De acordo com a Igreja, o caixão de Francisco foi sepultado “na nave lateral da Basílica de Santa Maria Maior, entre a Capela Paulina, onde se encontra seu amado ícone de Nossa Senhora, Salus Populi Romani, e a Capela Sforza”.

O rito fúnebre do Papa foi precedido pelo canto de quatro salmos antes da oração final.

Sepultamento de Francisco

Crédito, Vaticano

Seu caixão foi colocado no túmulo e aspergido com água benta enquanto o Regina Caeli, uma oração geralmente cantada para expressar alegria na Páscoa, era entoada.

O Vaticano acrescentou que houve uma “formalidade final”, enquanto o notário lia a ata que certificava o sepultamento aos presentes.

No Brasil, o próximo papa terá como desafios a perda de fiéis da Igreja, a fata de padres e a polarização política.

Fonte: BBC