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Preço da gasolina: o que entra nessa conta?

Mangueira de bomba de combustível acoplada em um carro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Na segunda semana de agosto, litro de gasolina mais barato vendido no país custava R$ 4,99 e o mais caro passava de R$ 7,18

Os brasileiros que abasteceram o tanque com gasolina comum na última semana pagaram, em média, R$ 5,86 por litro. O litro mais barato vendido no país custava R$ 4,99 e o mais caro passava de R$ 7,18.

Os dados são do levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) relativo à semana de 8 a 14 de agosto de 2021.

O preço médio subiu 40% em relação ao preço encontrado na bomba há um ano. Se comparado ao preço de apenas um mês atrás, a alta foi de 0,6%.

A gasolina pesa no bolso do consumidor de classe média que tem carro e dos trabalhadores que dependem de veículos automotores para seu sustento, como motoristas de aplicativos e entregadores. O aumento nos preços inclusive motivou motoristas de aplicativos a largarem esse trabalho, conforme contaram à BBC News Brasil.

Ainda no início de 2021, os analistas já previam mais aumento de preço de combustíveis neste ano – isso devido à expectativa de valorização do barril do petróleo, diante da previsão de manutenção da oferta restrita pela Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) e Rússia; aliada ao crescimento projetado da economia mundial, com o avanço da vacinação contra a Covid-19; e à incerteza com relação ao câmbio, diante do desequilíbrio das contas públicas nacionais

A mudança no preço da gasolina é influenciada pelo aumento no preço internacional do barril do petróleo e o câmbio, além da oferta e da demanda, mas não é só isso que entra na conta.

A formação do preço do combustível é composta por diversos fatores e qualquer alteração em pelo menos uma delas pode refletir no preço que o consumidor encontra no posto de combustível.

O que compõe o preço que você paga pela gasolina na bomba?

Ao abastecer o carro, o valor pago pelo consumidor inclui custos como a remuneração da refinaria, tributos federais e estaduais, a adição do etanol (obrigatória por lei), e lucro de postos revendedores do produto.

Os preços do litro da gasolina variam entre Estados e municípios, mas a análise do preço médio ao consumidor final nos 26 Estados e no Distrito Federal revela que o peso de cada componente no preço da gasolina fica da seguinte forma, segundo levantamento da Petrobras referente à primeira semana de agosto:

11.7% – Distribuição e Revenda

15.9% – Custo Etanol Anidro

27.9% – ICMS (tributo estadual)

11.6% – CIDE, PIS/PASEP e COFINS (tributos federais)

32.9% – Realização da Petrobras

A Petrobras controla os preços no Brasil?

O tamanho da Petrobras faz com que muitos digam que é ela que acaba determinando os preços no Brasil.

Estatal criada na década de 1950 após o movimento “O petróleo é nosso”, a Petrobras inicialmente tinha o monopólio nessa área.

Ele só acabou, em teoria, em 1997, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou uma lei que extinguiu o monopólio nas atividades de exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil.

Depois disso, empresas com sede no Brasil e constituídas sob as leis brasileiras passaram a poder atuar nessas áreas mediante contratos de concessão e autorização.

Em 2010, foi criado também o regime de partilha para a exploração do petróleo do pré-sal.

Nesse regime, a Petrobras tem a preferência de ser operadora e a participação dela no consórcio de empresas não pode ser inferior a 30%.

Mesmo com o fim do monopólio, a Petrobras segue como a grande referência nessa área.

Hoje é uma empresa estatal de economia mista: tem capital aberto e o acionista majoritário é o governo brasileiro.

Crédito, Fabio Pozzebom / Agência Brasil

Legenda da foto,

Contra o preço do combustível, manifestantes atearam fogo em pneus para fechar via em Brasília, em 2018

Paridade internacional

A Petrobras adotou em 2016 o chamado PPI (Preço de Paridade Internacional), uma resposta à política de controle de preços dos combustíveis que vigorou durante o governo Dilma Rousseff (PT), que deteriorou a contabilidade da empresa, como parte de uma estratégia para controlar a inflação.

Quando foi estabelecida a nova política de preços, eles chegaram a variar quase que diariamente, seguindo a flutuação do mercado internacional.

Em setembro de 2018, às vésperas da eleição daquele ano, esses reajustes passaram a ser quinzenais. E, em meados de 2019, deixaram de ter prazo fixo, passando a depender da avaliação da companhia sobre as condições de mercado e o ambiente externo.

A fórmula usada pela Petrobras para calcular a relação entre os preços praticados pela empresa no Brasil e o mercado internacional não é conhecida.

Por conta disso, cada consultoria chega a um resultado diferente, com base em parâmetros como o preço da gasolina no Golfo do México, nos Estados Unidos, cotações em Bolsa e outros.

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Fonte: BBC

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