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Bolsas sobem após pausa em tarifas de Trump; retaliação da China entra em vigor

Xi e Trump
Legenda da foto, Guerra comercial entre China e EUA continua, apesar de pausa das tarifas anunciada por Trump para outros países

Mercados financeiros em toda a Ásia registram alta nesta quinta-feira (10/04) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias para países afetados por tarifas mais altas dos EUA.

Pela manhã, as bolsas do Japão e de Taiwan chegaram a estar com alta de 8% e 5%, respectivamente. As bolsas de Alemanha, Reino Unido e França todas registraram altas de mais de 6% pela manhã.

Mas a guerra comercial entre a China e os EUA se agravou, com o presidente dos EUA aumentando as tarifas sobre produtos chineses para 125% após a China ter anunciado nova retaliação.

Esta semana, houve uma escalada de tarifas sendo anunciadas entre os EUA e China contra os produtos um do outro.

Antes do mais recente anúncio de Trump, a China havia declarado tarifas retaliatórias de 84% sobre todas as importações dos EUA entram em vigor.

A pausa anunciada por Trump é apenas para países que receberam tarifas acima de 10%. A tarifa básica de 10% sobre importação de todos os países — inclusive do Brasil — segue em vigor.

Outras tarifas que haviam sido anunciadas também seguem existindo. As importações de carros, aço e alumínio para os EUA continuam sujeitas a um imposto de 25% — inclusive sobre produtos do Brasil. Essa tarifa será estendida a peças automotivas no próximo mês.

Alguns países que haviam sofrido grandes aumentos de tarifa de importação nos EUA, reagiram ao anúncio de Trump de pausa na guerra comercial.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, fez um apelo a todas as partes a “aproveitarem ao máximo” a pausa de 90 dias, enfatizando que manter relações fortes com os EUA “é uma responsabilidade comum de europeus e americanos”.

O vice-primeiro-ministro vietnamita, Ho Duc Phoc, disse que os EUA e o Vietnã esperam iniciar “negociações sobre um acordo comercial bilateral”, que “incluiria acordos tarifários”.

O futuro chanceler alemão, Friedrich Merz, disse que a pausa prova que uma abordagem europeia unida em relação ao comércio tem um efeito positivo: “Os europeus estão determinados a nos defender e este exemplo mostra que a união ajuda acima de tudo”.

E a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a decisão de Trump foi “um passo importante para a estabilização da economia global”. A UE, afirma ela, continua comprometida em negociar com os EUA em direção ao seu objetivo de um “acordo tarifário zero por zero”.

Trump abordou a guerra comercial contra a China ao falar com a imprensa na quarta-feira.

Trump elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, ao falar com repórteres no Salão Oval.

“Xi é um cara inteligente e vamos acabar fechando um ótimo acordo”, disse Trump sobre o presidente chinês, acrescentando que seu homólogo é “uma das pessoas mais inteligentes do mundo”.

Em seguida, ele fez uma breve menção ao poder de fogo dos EUA, dizendo: “Temos armas que ninguém conhece”, antes de voltar a elogiar Xi Jinping.

“Xi é um homem que sabe exatamente o que precisa ser feito, ele ama seu país”, disse ele. “Receberemos um telefonema em algum momento e então começaremos a negociar.”

Tarifaço

As novas tarifas de Trump sobre as importações de cerca de 60 países haviam entrado em vigor na quarta-feira (09/04), até o anúncio da pausa. A China continua sendo a mais afetada, com um aumento na taxa de 34% inicialmente anunciada, que agora saltou para 125%.

Antes de anunciar a taxa de 84%, o governo chinês já havia prometido “lutar até o fim” e declarado que “nunca aceitará a natureza de chantagem dos EUA”.

Outro país que havia respondido ao tarifaço de Trump foi o Canadá, impondo 25% sobre certos carros vindos dos EUA e bilhões de dólares em produtos americanos.

Na terça-feira, o presidente americano disse que está em negociação com outros países sobre tarifas. “As nações que realmente tiraram vantagem de nós agora estão dizendo ‘por favor, negociem'”, disse.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou sobre a situação durante seu discurso na cúpula de líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorre em Honduras.

Lula afirmou que “tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços”. “Guerras comerciais não têm vencedores”, acrescentou.

Fonte: BBC