Com base apenas na cobertura das principais redes de notícias, por exemplo, ninguém saberia que organizadores e inquilinos em New York estão coordenando a maior greve de pagamentos de aluguéis em quase um século.
Pelo menos 40 mil famílias, que pagam aluguéis e moram em prédios com mais de 1.500 unidades, organizam as greves em todo o edifício, de acordo com Cea Weaver, coordenadora de campanha da Housing Justice For All, uma coalizão de inquilinos e ativistas por moradia de New York. Além disso, mais de 5 mil pessoas se comprometeram, assinando uma promessa online, a não pagar o aluguel em maio.
Será impossível definir com precisão o nível de adesão à greve, mas o número de pessoas comprometidas em fazer parte do movimento indica um renascimento histórico dessa tática de resistência de inquilinos. Greves coordenadas contra o pagamento de aluguel desse tamanho na cidade de New York não são vistas desde a década de 1930, quando milhares de inquilinos no Harlem e no Bronx lutaram com sucesso contra o abuso de preços e a negligência dos proprietários ao se recusarem em massa a pagar o aluguel.
O número de pessoas comprometidas com a greve pode ser insignificante comparado aos milhões que não consideram a inadimplência como uma forma de greve, mas simplesmente não conseguirão pagar o aluguel neste mês. Na primeira semana de abril, um terço dos locatários em todo o país, aproximadamente 13,4 milhões de pessoas, não haviam pago o aluguel. E, desde então, mais 26 milhões de trabalhadores se juntaram ao número total de desempregados.
Os organizadores do movimento estão pedindo a quem pode pagar o aluguel de maio que se recuse a fazê-lo, em solidariedade a todos que não podem. A medida visa pressionar os governos municipal e estadual para que respondam ao agravamento da crise de moradia da única maneira apropriada: cancelando a cobrança dos aluguéis.
Antes de iniciar a campanha pela interrupção em massa dos pagamentos de aluguéis, os defensores dos direitos à moradia em New York pediram, junto com um pequeno número de legisladores, a suspensão temporária da cobrança de aluguel. O governador de New York, Andrew Cuomo, chegou a implantar uma importante moratória nas ações de despejo, mas sem o cancelamento do aluguel durante o período. Desta forma, os pagamentos atrasados serão acumulados, e a ameaça de despejos no futuro atinge milhões de inquilinos que perderam todas as fontes de renda. A greve dos aluguéis é uma ação direta para exigir uma tomada de atitude pelo governo do estado.
Alguns dos melhores legisladores do país estão tentando aprovar projetos de lei que combinam o cancelamento de aluguéis e hipotecas em nível nacional. Na quarta-feira, a deputada democrata Ilhan Omar, de Minnesota, apresentou a “Lei de Cancelamento e Aluguel e Hipoteca”, que perdoaria a inadimplência e também ofereceria apoio aos proprietários prejudicados pelos pagamentos perdidos.
Fonte: Brazilian Press