
James Uthmeier compareceu perante o Comitê de Fiscalização da Câmara dos Deputados e evitou responder mais de 100 perguntas
Um antigo conselheiro do Secretário do Comércio Wilbur Ross revelou aos investigadores do Congresso que ele conversou com um professor universitário que defendia a inclusão da pergunta sobre cidadania no Censo 2020. O objetivo é limitar a participação dos imigrantes indocumentados na pesquisa, que é realizada a cada 10 anos.
No início de junho, James Uthmeier compareceu perante o Comitê de Fiscalização da Câmara dos Deputados, mas recusou-se a responder mais de 100 perguntas feitas pelos membros do painel com o aconselhamento dos advogados do Departamento do Comércio.
Os advogados o instruíram a não comentar sobre um memorando secreto que ele escreveu relacionado à pergunta sobre cidadania instruído por Ross e destinado a John Gore, oficial do Departamento de Justiça. “Apesar destas restrições, o Sr. Uthmeier proveu novas informações ao Comitê”, conforme o memorando de membros democratas do painel.
Uthmeier admitiu que buscou aconselhamento sobre a pergunta com John Baker, professor de Direito na Georgetown University, que argumentou que a “pergunta sobre cidadania é necessária para colher dados que visa redirecionar os assentos na Câmara dos Deputados que excluam os estrangeiros na contagem”, dizia o memorando.
Ross, que administra o Census Bureau, alegou que o pedido para a inclusão da pergunta sobre cidadania veio “somente” do Departamento de Justiça em 2017 como parte do Ato de Direitos de Votação para proteger o direito de votação das minorias sociais. Entretanto, documentos e e-mails posteriormente revelaram que Ross vinha tentando incluir a questão antes disso.
Congressistas democratas interpretaram como uma tentativa de desencorajar a participação das minorias sociais no Censo, o que levaria a reorganização dos mapas políticos a favor dos republicanos.
“A administração Trump alegou que a única razão para incluir a pergunta sobre cidadania era ajudar o Departamento de Justiça a fazer cumprir o Ato dos Direitos de Votação, mas tal alegação foi agora exposta como sendo um pretexto”, disse o Deputado Federal Elijah Cummings, chefe do Comitê.
“Oficial atrás de oficial que compareceu perante o Comitê têm se recusado a responder perguntas sobre a verdadeira razão atrás das tentativas, mas evidências crescentes apontam para um esforço partidário e discriminatório para prejudicar os interesses dos democratas e não brancos”, acrescentou.
Documentos apresentados no tribunal envolvendo um caso federal em Maryland também revelaram que o estrategista republicano, Thomas Hofeller, falecido em 2018, reciomendou à equipe de transição de Trump que acrescentasse a pergunta, pois isso beneficiaria os candidatos republicanos. A Suprema Corte pode avaliar ainda nessa semana se a administração Trump poderá acrescentar a pergunta ao Censo.
Fonte: Brazilian Voice