
“Adolescência”, da Netflix, não é exatamente uma trama de mistério. Meio que se sabe, desde o início, o que aconteceu e o que deve acontecer com o protagonista, um menino de 13 anos acusado de assassinar uma colega a facadas.
No segundo dos quatro episódios, a polícia vai à escola de Jamie Miller –este é o nome do adolescente– em busca de depoimentos, pistas e a arma do crime.
Há uma certa consternação com o fato de um menino de apenas 13 anos ter conseguido uma faca.
“Adolescência” é universal por abordar os perigos que rondam todos os jovens com acesso a redes sociais, mas também diz muito sobre a sociedade em que a história se desenrola: a Inglaterra.
A terra da Jack, o Estripador é traumatizada com crimes violentos cometidos com armas brancas. O Reino Unido tem uma das legislações mais restritivas do mundo no que diz respeito à aquisição e à posse de facas.
Menores de 18 anos não podem comprá-las de modo algum. Qualquer indivíduo pode ser preso se a polícia flagrar o porte de facas sem um “bom motivo”.
No Brasil, obtêm-se facas de camelôs, no meio da rua, à plena vista de crianças, adolescentes, adultos e policiais.
Ingleses tratam a faca como uma arma em si, nós a vemos como um utensílio de cozinha –um dos mais importantes– de grande potencial ofensivo.
Facas não são como armas de fogo, lanças, espadas e punhais –artefatos cuja finalidade é ferir e matar.
Quase qualquer ferramenta pode matar: martelos, pás, picaretas, tesouras. Pedras, tijolos, cacos de vidro ou de telha, para ficar nas coisas acessíveis para crianças, também são armas ocasionais.
Como pai de um menino de 12 anos, “Adolescência” me abalou para caramba. Como cozinheiro diletante, penso que pessoas dessa idade já devem ter alguma noção de como preparar a própria comida –algo que envolve, necessariamente, o manuseio de facas.
Criar, educar e cuidar são tarefas dificílimas que todo pai ou mãe deve encarar como nada além da obrigação. Muitas vezes falhamos por ação ou por omissão. Trancar as facas da cozinha num cofre é muito mais fácil do que ensinar o filho a cortar cebolas e ser uma pessoa decente.
Por falar nisso, a receita da vez envolve picar uma quantidade ignorante de cebola. Ponha a garotada para ajudar, sempre tomando todo o cuidado do mundo.
ZITI ALLA GENOVESE
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: fácil
Tempo de preparo: 3 horas e 30 minutos
Ingredientes
2 colheres (sopa) de azeite
1,5 kg de cebola picada (cerca de seis cebolas médias)
½ cenoura picada
1 talo de salsão picado
600 g de carne (peito, acém ou paleta) em cubos
3 folhas de louro
150 ml de vinho branco seco
400 g de macarrão ziti, rigatoni ou penne
Sal a gosto
Modo de fazer
Apesar do nome “genovese”, esta é uma receita napolitana. Trata-se de um “ragù in bianco”, sem tomate, com muita cebola cozida longamente até virar um creme adocicado.
1. Aqueça o azeite numa panela grande e refogue nesta ordem: cebola, cenoura, salsão e carne. Abaixe o fogo, misture o louro e uma pitada de sal e tampe a panela.
2. Cozinhe por 3 horas, mexendo de 15 em 15 minutos para misturar a cebola que gruda no fundo da panela.
3. Quando a água do macarrão ferver, junte o vinho e deixe cozinhar destampado. Prepare o macarrão de acordo com as instruções da embalagem. Misture ao molho e sirva com parmesão ralado.
Fonte: Folha de S.Paulo