
Nestes dois anos de pandemia, nunca tanta gente do meu convívio havia pegado Covid-19.
Os hospitais estão lotados, não tem mais teste na farmácia (na UBS aqui perto, a espera da cotonetada era de 5 a 6 horas), as pessoas tomam chá de cadeira de ridículas 24 horas por uma consulta de medicina.
Companhias aéreas já estão cancelando voos por falta de funcionários negativados. Estava óbvio que bares e restaurantes, assim como o comércio em geral, não seriam poupados.
Desde dezembro, o setor de alimentação tem afastado um em cada cinco trabalhadores toda semana, em dispensa médica decorrente de Covid ou gripe.
Com o governo federal sonegando informações da pandemia –e estados e municípios se fingindo de mortos–, nada indica que o ritmo da propagação da doença vai se amansar em breve. Muito pelo contrário.
A enxurrada de ômicron se avoluma a cada semana, e o que parece nos aguardar é o colapso no comércio e nos serviços. Alguém, no Twitter, lembrou que isso envolve também profissionais de saúde. Não será bonito.
Mas o assunto aqui é alimentação. Sem cozinheiros, garçons e entregadores, restaurantes e bares serão obrigados a fechar outra vez. Não por nenhum decreto de prefeito ou governador, mas por falta de mão-de-obra.
Com o apagão de motoboys e cozinheiros, o delivery –saída para o setor na pandemia até agora– não será uma opção. Só nos resta esperar que o surto seja tão breve quanto é devastador.
Não duvido que muitos seguirão abertos com a equipe infectada, o que só vai prolongar e intensificar o rebosteio. E aí as autoridades precisarão agir, como já fizeram em vários países da Europa, no Canadá e até na cidade paulista de Amparo.
Nunca é demais lembrar que a maioria da população adulta está com o ciclo vacinal completo e que a ômicron é menos virulenta do que as variantes que a precederam. Por isso, o número de casos graves e óbitos não explode.
Imagina se tivéssemos deixado rolar, liberado o oba-oba geral lá atrás, como sempre pregou nosso excrementíssimo presidente?
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Fonte: Folha de S.Paulo