
Andando por uma das ruas mais movimentadas de Walthamstow, subúrbio em processo de gentrificação na zona leste de Londres, topei com uma tendência gastronômica que eu já julgava superada: a comida preta, tingida com carvão.
Passei em frente à vitrine de uma padaria que exibia um croissant que parecia ter sido esquecido no forno até carbonizar, sensação realçada pela etiqueta onde se lia “charcoal”, carvão em inglês. A coisa menos apetitosa do mundo.
Já tem quase 10 anos que virou modinha meter carvão ativado em tudo que possa ser tingido de preto: no pão, no sorvete, na maionese, no purê de batata e até na pasta de dente.
Carvão ativado é um elemento filtrante com algumas propriedades terapêuticas, mas não há nenhum respaldo científico quanto a benefícios de seu uso na comida. Além disso, ele pode alterar para pior o sabor e a textura dos alimentos.
E a aparência das comidas pretas, francamente… Talvez possa ser engraçado ara brincadeiras de Halloween, o que não parecia ser o caso na padaria londrina: o croissant carbonizado destoava dos outros pães, todos de aparência perfeitamente normal.
Fonte: Folha de S.Paulo