
A cidadela inca de Machu Picchu, joia turística do Peru, reabriu para visitantes depois de ficar fechada por 25 dias devido aos protestos contra a presidente do país, Dina Boluarte. Confrontos ligados às manifestações deixaram mais de 50 mortos após a destituição do ex-líder Pedro Castillo, em dezembro.
Os primeiros grupos de turistas entraram no parque nesta quarta-feira (15). Até o meio-dia, no horário local, aproximadamente 700 pessoas tinham visitado a cidadela, de acordo com o Ministério da Cultura peruano. Autoridades do setor do turismo participaram da reabertura.
Maritza Rosa Candia, diretora do Ministério da Cultura, disse que, durante o período de fechamento, as autoridades fizeram serviços de manutenção e conservação dos percursos e passagens na cidadela inca.
O local foi fechado em 21 de janeiro por motivos de segurança. O governo tomou a decisão logo depois de o serviço ferroviário que vai da cidade de Cusco a Machu Picchu ser suspenso devido a danos na via férrea supostamente provocados por ativistas antigoverno. Ao menos 400 turistas chegaram a ficar ilhados em Aguas Calientes, povoado próximo à joia turística —a ferrovia é o único meio de transporte para a cidadela, já que não há uma passagem para carros que a conecte a Cusco, a 110 km de distância.
O fechamento gerou preocupação, já que a economia local se baseia, sobretudo, no turismo, uma fonte de emprego crucial num país que atraía cerca de 4,5 milhões de visitantes antes da pandemia. Boluarte afirmou no mês passado que os atos já custaram ao Peru mais de R$ 6,7 bilhões, sendo R$ 2,7 bilhões na forma de impactos na produção econômica e R$ 4 bilhões em danos diretos à infraestrutura.
No dia 4, o Congresso peruano bloqueou debates sobre a antecipação de eleições nos próximos cinco meses, barrando a substituição de Dina e dos parlamentares. Já os atos contra o governo arrefeceram.
Antes de ser preso devido a uma tentativa de golpe, Castillo deveria cumprir o mandato até 2026. Dina era sua vice e assumiu um país já convulsionado por trocas constantes de presidentes —foram seis mandatários em seis anos— e por um governo frágil e acuado pelas seguidas manifestações.
A maioria dos atos contra Dina ocorreu no sul do país, mas alguns chegaram à capital em caravanas e foram apelidados de “tomada de Lima”. A cidadela inca de Machu Picchu tem capacidade para receber 4.044 pessoas por dia. Os visitantes são divididos em oito turnos, das 6h às 16h no horário local.
Fonte: Folha de S.Paulo