1 ano. Tema tradicional: palhacinho. Gasta-se uma grana e quem menos aproveita é o aniversariante, que não tem a menor idéia do que está acontecendo. Depois de duas horas de burburinho a criança não agüenta mais, principalmente porque, a essa altura dos acontecimentos, os pais já tomaram umas cervejas e estão achando tudo bacana.
Para festas de 2 ou 3 anos o costume é contratar animadores, mágicos, contadores de histórias. Se você mora em prédio que tenha um play, minha sugestão é que use o espaço, senão seu apartamento vai ficar um lixo, imprestável.
A partir dos 4 anos, inevitavelmente, é preciso começar a alugar casas de festas. Gasta-se uma fortuna, mas a sua casa fica preservada. O pessoal cuida de tudo: animação, mágicas, futebol, pique esconde, piscina de bola, escorrega, karaokê, comidinhas, bebidinhas, brindes… Você pode ficar tomando sua cerveja tranqüilo. Só vai esquentar a cabeça no dia seguinte, na hora que o cheque bater na conta.
A partir dos 10 anos, festa tem que ter dança. Aí você vai ter que contratar um DJ. Essa fase é complicada porque eles não querem mais casa de festa, que é “coisa de criança”. Volta o movimento para aquele lugar que você chamava de lar doce lar.
Quando meu filho completou 11 anos, descobri que ele fazia parte de um grupo de vândalos. Corredor polonês, futebol no meio da sala e a brincadeira clássica de ovo com farinha nos cabelos do aniversariante. Uma melequeira. Aí, um garoto mais descontrolado trancou várias meninas no banheiro, jogou a chave no jardim e saiu correndo porta a fora, com mais dois delinquentes. Peguei o carro e, com ajuda de alguns amigos, encontramos os desaparecidos no meio da noite, no meio da rua, atiçando com pedras os cachorros dos vizinhos. Liguei para os pais e pedi que viessem buscar. Tudo tem limite.
Quando chega a adolescência, se prepare, a situação foge do controle. Só aceitam festa se tiver bebida. E eles não sabem beber. Fazem um monte de besteira, vomitam pelos cantos. Sugiro uma força tarefa com 4 ou 5 faxineiras e uma ambulância na porta, por via das dúvidas.
O resultado de anos de festas aqui em casa é que o piso de Sinteko da sala não existe mais. As paredes estão descascadas, a casa está quase em ruínas, mas só vou fazer uma reforma quando os dois casarem e forem morar em outro lugar, senão não adianta.
Quer dizer, ainda há o risco de casarem e ficarem morando por aqui. Aí vêm os netos e começa tudo de novo.
Fonte: Brazilian Voice