No último dia 16 de fevereiro, o pastor Paulo Tenório, líder da igreja pentecostal brasileira The Growing Church, em Massachusetts, Estados Unidos, subiu ao púlpito para pregar sobre “o medo que leva ao esconderijo”. Diante de uma congregação majoritariamente formada por imigrantes brasileiros, ele leu um trecho bíblico que narrava como os soldados de Israel, diante de uma situação difícil, buscaram refúgio em cavernas e buracos. “É hora de declarar que o Deus que me trouxe aos Estados Unidos me levará até o final”, afirmou Tenório, em uma mensagem de esperança e resistência.
A pregação do pastor ecoa um sentimento de apreensão que tem se espalhado entre a comunidade brasileira nos EUA, especialmente após o endurecimento das políticas migratórias do governo de Donald Trump. Massachusetts, junto com a Flórida, abriga a maior parte dos 2 milhões de brasileiros que vivem no país. Desse total, estima-se que 230 mil estejam em situação irregular, segundo dados do Pew Research Center.
Desde que assumiu a presidência, em 20 de janeiro, Trump tem implementado medidas que impactam diretamente os imigrantes. Entre elas, a revogação de proteções contra operações migratórias em “locais sensíveis”, como escolas e igrejas. “Os criminosos não poderão mais se esconder nas escolas e igrejas da América para evitar a prisão”, declarou um porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS), reforçando a postura dura do governo.
Essas ações têm gerado pânico entre os brasileiros, especialmente nos grupos de WhatsApp de evangélicos, onde relatos de operações de imigração e deportações são frequentes. “As medidas de Trump trouxeram muito abalo para as pessoas. Uma coisa muito difícil está sendo vivida aqui”, afirmou o pastor Tenório em entrevista à BBC News Brasil.
A tensão é ainda mais complexa para a comunidade evangélica brasileira, que, em grande parte, compartilha afinidades ideológicas com Trump, especialmente em questões como valores conservadores e religiosos. No entanto, a nova política migratória do governo tem colocado muitos fiéis em uma situação delicada, divididos entre o apoio ao presidente e o medo de serem afetados pelas medidas que ele promove.
Enquanto isso, o pastor Tenório continua a incentivar seus fiéis a “seguir firmes” em meio ao medo. “É preciso confiar em Deus e não se esconder”, disse ele, em um recado que ressoa como um chamado à resiliência em tempos de incerteza. Para muitos brasileiros nos EUA, a igreja tem se tornado não apenas um local de fé, mas também um refúgio emocional e espiritual diante de um cenário político cada vez mais desafiador.
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Fonte: Brazilian Press