Minha filha mais velha e eu montamos ontem nosso primeiro quebra-cabeça da quarentena. Começamos, na verdade, falta encaixar ainda pouco menos de ⅓ das muitas mini pecinhas. E
sse era um quebra-cabeça antigo, comprado não sei quando nem por que. Ele estava em um saquinho plástico, já sem a caixa. Ninguém sabia que desenho era aquele, se era vertical ou horizontal, que tamanho tinha, e – ainda mais importante – não sabíamos nem se o conjunto estava completo.
“Vamos montando, a gente vê no que dá”.
Fiquei honestamente comovida com o convite feito por Larinha. Para mim, esse é o grande convite
da vida. Vamos montando. Não sabemos como será, podemos tentar de várias maneiras, podemos
levar bastante tempo, desistir na metade, ter dificuldade de enxergar os detalhes da figura, sentir
raiva e jogar tudo para o alto, nos surpreender com uma paisagem que não nos faz muito sentido,
corrigir uma pecinha que foi encaixada à força onde não deveria, recomeçar.
O que parece estar acontecendo no nosso quebra-cabeça real, pelo menos até agora, é uma cena de
turistas visitando Machu Picchu. Nós nunca estivemos lá. Penso que é possível termos escolhido
essa imagem, porque, há alguns anos, minha mãe subiu a montanha para conhecer a cidade perdida
dos Incas. Viajou sozinha, escolheu o destino em uma de suas rápidas tomadas de decisão.
Olhando
daqui, nunca a vi mais encontrada do que durante aquele período em que resolveu bancar – ainda
mais do que de costume – os seus desejos. Segue assim até hoje, cada vez mais pronta a encarar o
que está por vir com a energia de quem não desanima ao se deparar com mil pecinhas a serem
organizadas.
Com Lalá e com ela, observo como é bonito subir montanhas rumo ao desconhecido. Conto depois
se arrematamos a figura. E quase torço para que pelo menos um buraco apareça. Não há paisagem
completa sem ao menos um pouquinho de vazio. Boa semana queridos
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Fonte: Gazeta News