
A pandemia interrompeu o período recorde de ganhos no setor ao longo de 10 anos
Em março, a economia dos EUA perdeu o total de 701 mil vagas de emprego, interrompendo o período recorde de ganhos no setor ao longo de 10 anos, à medida que a pandemia de coronavírus continua a prejudicar a força de trabalho e a interromper o crescimento econômico. Os dados mensais, divulgados na sexta-feira (3) pelo Bureau of Labor Statistics, também mostram que a taxa de desemprego subiu de 3,5% para 4,4%, que era o índice mais baixo das últimas 5 décadas.
Os índices de março representam a “ponta do iceberg”, desde que a pesquisa foi realizada na primeira metade do mês, antes de a pandemia afetar a economia. Como os dados de empregos são sempre retrospectivos, os economistas preferem olhar para períodos mais longos, como a média de 3 meses, para identificar tendências. No entanto, a economia passou por uma “virada radical” em questão de poucas semanas.
Embora o número de março supere as expectativas de 100 mil empregos perdidos, economistas e especialistas do mercado concordam que o relatório de empregos de abril, que será lançado em 8 de maio, ilustrará melhor o estrago causado pelo coronavírus na força de trabalho. Alguns economistas estão prevendo que o número de desempregados pode chegar a 20 milhões.
“Abril será um desastre para os mercados de trabalho”, disse à CNBC Michael Gapen, economista-chefe dos EUA no Barclays. “Ainda temos mais duas semanas e provavelmente estamos analisando uma taxa de desemprego de mais de 10% em abril”.
Esta é a primeira vez desde 2010 que a economia registra um número negativo de empregos. Por outro lado, o total em fevereiro foi de 273 mil empregos adicionados. Com milhões de americanos sob ordens de “quarentena” ou bloqueios, empresas de todo o país fecharam, forçando milhões de pessoas a deixar o trabalho e aumentando os pedidos de auxílio desemprego para impressionantes 10 milhões nas últimas duas semanas.
Na quinta-feira (2), dados semanais de pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior mostraram que 6,6 milhões de americanos haviam pedido o benefício. Esse total põe em dúvida até a capacidade dos estados com melhor situação financeira de pagar subsídios de desemprego por um período prolongado, tornando mais provável que não seja necessária intervenção federal.
“Não há como evitar um aumento substancial na taxa de desemprego, provavelmente eclipsando o nível de 10% durante a Grande Recessão”, disse Mark Hamrick, analista econômico sênior do Bankrate.com. “A questão real e sem resposta neste momento é quantos desses empregos voltam depois que as diretrizes de distanciamento social são relaxadas e as empresas reabrem. Esperamos o melhor, mas nos preparamos para o pior”, alertou.
“Nós (especialistas) não vemos atividade econômica retornando ao nível pré-vírus até o final de 2021”, escreveram analistas do Morgan Stanley em nota de pesquisa, na sexta-feira (3).
Fonte: Brazilian Voice