
A exposição “Lamento das Imagens”, de Alfredo Jaar, em cartaz no Sesc Pompeia, é prova de que o papel do fotógrafo não consiste apenas em ver, mas em estar. Reunindo 12 obras que destacam o uso da fotografia como forma de denunciar questões políticas e sociais do mundo, o artista chileno cria formas de provocar a refletir sobre os impactos causados por uma imagem e a maneira como elas circulam pelo mundo.
Montada ao longo da área de convivência logo na entrada do SESC projetado por Lina Bo Bardi, a mostra começa pela obra que dá nome à exposição, “Lamento das imagens (2002)”, que é dividida em duas salas. A primeira é escura e traz um pouco da história da Corbis Corporation, empresa francesa comprada por Bill Gates e que detém os direitos de mais de 15 milhões de fotos históricas. Na segunda sala, um telão de neon branco ofusca a visão de quem entra, como uma metáfora aos problemas causados pelo monopólio da criação e circulação de imagens e o que é ocultado neste processo.

Existem fotos por todos os lados. Entre o pequeno lago da área de convivência e as instalações que estão ao redor, estão expostas imagens feitas por Jaar de garimpeiros de Serra Pelada tiradas na corrida do ouro entre os anos de 1980 e 1992. Imagens feitas pelo artista também são exibidas na obra “Geografia=Guerra (1991)” quando o chileno foi até a cidade de Koko, na Nigéria, onde milhares de barris com lixo tóxico foram despejados de forma ilegal e que acabou matando dezenas de moradores.

Em “Sombras (2014)”, o palco é dado ao fotógrafo holandês Koen Wening, que diz o que pensa sobre a arte da fotografia em um vídeo apresentado antes dos visitantes adentrarem mais uma sala escura. Lá estão expostas algumas imagens feitas por Wening e que retratam dor e sofrimento durante os anos do regime autoritário de Anastasio Somoza Garcia, na Nicarágua.
Mas certamente a instalação mais impactante da mostra é “The Sound of Silence (2006)”, que traz a história por trás da famosa foto de uma criança subnutrida que é vigiada por um abutre em um vilarejo do Sudão. Através de um filme de oito minutos conhecemos não só as condições que a imagem foi feita, mas a história do fotógrafo africano Kevin Carter, que venceu o prêmio Pulitzer em 1994 pelo registro e se suicidou no mesmo ano.

Alfredo Jaar nasceu em Santiago em 1956, se formou em arquitetura e ao longo de quatro décadas de trabalho ganhou notoriedade por discutir em suas obras a continuidade de violências coloniais no mundo moderno. Possui obras no acervo do MASP, da Tate Modern em Londres, do MOMA em Nova York e do Reina Sofia em Madrid.
A exposição “Lamento das Imagens” fica em cartaz no SESC Pompeia até 5 de dezembro com entrada gratuita, mas é preciso reservar horário através do site. Aberta ao público de terça-feira a sexta-feira das 14h às 20h e aos sábados e domingos das 11h30 às 17h30. Parte da mostra pode ser conferida na 34ª Bienal de São Paulo, em cartaz no Parque Ibirapuera, também até o dia 5 de dezembro.
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Fonte: Viagem e Turismo