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Aumenta o desespero de imigrantes e lucro de “coiotes” na fronteira

Foto25 Entrada clandestina nos EUA Aumenta o desespero de imigrantes e lucro de “coiotes” na fronteiraDesesperados, imigrantes arriscam a vida para entrar clandestinamente nos EUA e muitos são detidos

A política atual da administração Trump jogou os imigrantes nas mãos dos cartéis de tráfico de pessoas, cujos negócios estão explodindo na fronteira do México

Enquanto traficantes de seres humanos (coiotes) circulam por pontos de ônibus, abrigos de imigrantes  e as ruas na cidade fronteiriça de Reynosa, México, aparentemente, eles não têm problemas em encontrar clientes. O hondurenho Julian Escobar Moreno chegou à Reynosa com o objetivo de aplicar para asilo nos EUA. Entretanto, a política atual o jogou nas mãos dos cartéis de tráfico de pessoas, cujos negócios estão explodindo.

“Eu honestamente não quero cruzar (a fronteira) clandestinamente, mas realmente não tenho escolha”, disse Moreno, de 37 anos,

A administração Trump, que paralisou parcialmente o governo federal durante a disputa da liberação de verba para a construção de um muro ao longo de toda a fronteira entre os EUA e México, tem adotado uma série de estratégias, nos últimos 2 anos, para deter os imigrantes e persuadi-los a retornarem aos seus países de origem; ou sequer tentarem.

Em Reynosa e outras cidades, a demora causada pela nova política faz com que muitos imigrantes avaliem os custos e perigos de uma opção mais rápida: Contratar um coiote a preços cada vez mais altos para entrar clandestinamente nos EUA. Em novembro, o número de famílias imigrantes detidas quando tentavam cruzar a fronteira atingiu os níveis mais altos registrados, sendo algumas delas tendo a ajuda de coiotes em alguma parte da jornada.

“O que nós vemos é que ninguém está atravessando a fronteira”, disse Hector Silva, diretor de um centro que provê serviços a imigrantes nas margens do Rio Grande, que separa Reynosa de McAllen (TX). “Isso força as famílias, com todo o desespero que sentem, a irem clandestinamente”.

A decisão de espera muito tempo ou clandestinamente acelerar a viagem aos EUA não ocorre somente em Reynosa, onde o barulho de tiros se tornou comum, mas ai longo de grande parte da fronteira com o país vizinho. O fenômeno chega até Tijuana, onde milhares de pessoas esperam a vez para cruzar a fronteira. Uma visita a um centro de imigrantes em Reynosa deixa rapidamente evidente quantas pessoas estão avaliando a possibilidade de tráfico.

“Eu tenho medo de ir a um posto da Patrulha da Fronteira (CBP), pois eles me deportariam”, disse Máximo Renê Arana Nunez, um guatemalteco que chegou a Reynosa há pouco dias e espera para cruzar clandestinamente. “Eu estou preso aqui até a minha família nos Estados Unidos juntar dinheiro suficiente para pagar o coiote”, relatou.

Para aqueles capazes de pagar e estão dispostos a enfrentar os riscos, encontrar coiotes em Reynosa é fácil. As ruas estão repletas de membros de cartéis do tráfico humano, que anunciam publicamente os serviços. Os perigos das travessias clandestinas não são suficientes para dissuadir os imigrantes. Eles têm medo, mas muitos acham que não há outro recurso. Para muitos, a motivação é baseada numa verdade simples: O que eles deixaram para trás é pior daquilo que está à frente.

“Eu não tenho opção, não posso ficar lá”, disse Moreno sobre o país natal. “O nosso governo é totalmente corrupto e, se os mexicanos ou americanos me deportarem, eu estarei morto”, acrescentando que trabalha em turnos de até 12 horas, tentando juntar dinheiro suficiente para pagar um coiote.

“O desespero faz você fazer coisas loucas”, disse o recém-casado Osman Noé Guillén, de 28 anos, acompanhado da esposa. “Eu não acho que nada me impediria e certamente não um muro”, concluiu.

Fonte: Brazilian Voice