José Maximino Amaya, 50 anos, passou duas décadas construindo uma vida nos Estados Unidos. Trabalhava em construções civis em Nova Jersey, sustentava a família e enviava remessas para seu pai idoso em El Salvador. No entanto, em 26 de janeiro, ele desembarcou em seu país natal em um voo fretado pelo governo americano, sem bagagem, apenas com as roupas do corpo.
Sua vida nos EUA foi interrompida abruptamente após ser detido por agentes migratórios e deportado, junto com cerca de 50 outros salvadorenhos, em meio à política de tolerância zero do ex-presidente Donald Trump.
Amaya, que chegou aos EUA em maio de 2005, nunca regularizou sua situação migratória. Para evitar problemas, ele diz ter vivido de maneira discreta, sem infringir a lei. Mas em 25 de janeiro, cinco dias após a posse de Trump, ele foi parado a caminho do trabalho e preso. Sua esposa, que também estava em situação irregular, foi detida no mesmo dia e agora aguarda deportação.
O casal perdeu tudo: o carro, as contas bancárias e os móveis da casa que alugavam em Nova Jersey. Seus três filhos, nascidos em El Salvador, permaneceram nos EUA, onde têm residência legal e empregos. “Eles foram deixados sozinhos lá”, lamenta Amaya, que foi recebido no aeroporto Monseñor Óscar Arnulfo Romero por familiares, incluindo um irmão e um sobrinho.
“Não é mais o sonho americano, é um pesadelo”
Amaya descreve sua experiência como um “pesadelo americano”. Apesar das dificuldades, ele se define como “uma pessoa batalhadora” e planeja reconstruir sua vida em El Salvador. No entanto, o retorno forçado traz desafios imensos. O país enfrenta uma economia frágil, e as remessas enviadas por salvadorenhos no exterior são vitais para muitas famílias.
Em 2024, El Salvador recebeu US$ 8,4 bilhões em remessas, o equivalente a 23% do PIB. Amaya era um desses provedores, enviando dinheiro regularmente para seu pai. “É algo difícil, porque ele era uma ajuda fundamental para meu pai. A situação econômica aqui não é fácil”, disse José Adán Amaya, irmão do deportado, à AFP.
Impacto Humano e Econômico
A deportação em massa de salvadorenhos sob a política de Trump não só desestabiliza famílias, mas também ameaça a economia de El Salvador. Celia Medrano, consultora de direitos humanos e ex-cônsul de El Salvador em Washington, critica o tratamento dado aos migrantes. “Os direitos fundamentais das pessoas não estão sendo respeitados. Elas estão sendo tratadas como criminosas apenas por serem migrantes”, afirmou.
Com cerca de 2,5 milhões de salvadorenhos vivendo nos EUA, o impacto das deportações em massa é profundo. Para muitos, como Amaya, o sonho de uma vida melhor se transformou em um pesadelo de perdas e incertezas. Agora, ele e milhares de outros deportados enfrentam o desafio de recomeçar em um país que, embora seja sua terra natal, já não reconhecem como lar.
Fonte: Brazilian Press