
Os voos fretados têm como destino a capital mineira por ser o estado com o maior número de deportados
Na segunda-feira (2), pousou no Aeroporto Internacional de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), o 6º avião com cerca de 120 brasileiros que foram deportados dos EUA. Alguns passageiros relataram que passaram fome, frio e humilhação durante o tempo em que estiveram detidos na fronteira dos EUA com o México. Entre eles, havia outros que retornaram ao Brasil somente com a roupa do corpo e tiveram seus telefones celulares confiscados pelas autoridades migratórias dos EUA, portanto, não tendo como comunicar a seus familiares que já estavam em solo nacional.
. Mais brasileiros deportados:
Na noite de 14 de fevereiro, um voo com deportados brasileiros, vindo dos EUA, aterrissou no Aeroporto Internacional de Confins, na região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). De acordo com informações da BH Airport, empresa que administra o aeroporto, 40 adultos e 40 crianças e adolescentes, desembarcaram no local.
Na ocasião, este foi o 3º voo em 2020 e o 4º em menos de 4 meses a mandar de volta ao Brasil imigrantes brasileiros que tentaram entrar clandestinamente nos EUA através da fronteira com o México. Ao contrário das viagens anteriores, no voo nenhum passageiro chegou algemado.
“Você é tratado igual a cachorro. Me senti humilhado. Você fica embaixo de uma lona, com frio. Te dão um cobertor que é uma folha de alumínio”, relatou Breno Silva Coelho, de 33 anos, que foi tentar a sorte nos EUA com a esposa e o filho pequeno. A família é natural de Ipatinga (MG), no Vale do Rio Doce. “Adultos aguentam, mas essa situação para crianças é uma covardia. Não volto lá nem se o Trump me buscar”, desabafou.
A falta de informações é a principal reclamação dos parentes de imigrantes que tentam entrar clandestinamente nos EUA. Entre os deportados, o tratamento a que são submetidos nos centros de detenção é a reclamação principal.
No 1º voo, em 26 de outubro de 2019, chegaram 70 pessoas, no 2º voo, em 24 de janeiro de 2020, 50 pessoas, no 3º, em 7 de fevereiro, 130 pessoas. As deportações atuais fazem parte do novo acordo entre os governos do Brasil e dos EUA, o qual facilita o procedimento de saída daquele país dos imigrantes indocumentados.
Antes do voo de 26 de outubro do ano passado, uma leva maior de brasileiros deportados ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando 278 pessoas detidas no presídio de Florence (AZ) desembarcaram no aeroporto de Confins.
Os voos têm como destino a capital mineira por ser o estado com o maior número de deportados. Em nota, a Polícia Federal (PF) informou que caberá à corporação “realizar os procedimentos de controle migratório, uma de suas competências definidas pela Constituição da República”.
Ainda em fevereiro, uma mesa com café, sucos, bolos e pães de queijo foi montada pela administração do Aeroporto Internacional de Confins para a chegada dos deportados. Além da decepção estampada nos rostos, a maior parte dos deportados chega com a roupa do corpo e uma sacola plástica transparente com documentos. No desembarque de 14 de fevereiro, muitos brasileiros calçavam sapatos emborrachados alaranjados, distribuídos nos centros de imigração. O avião seguinte com brasileiros que tentaram entrar clandestinamente nos EUA chegou a Confins (MG) em 19 de fevereiro.
Fonte: Brazilian Voice