
De acordo com informações da BH Airport, 40 adultos e 40 crianças e adolescentes, desembarcaram no local
Na noite de sexta-feira (14), mais um voo com deportados brasileiros, vindo dos EUA, aterrissou no Aeroporto Internacional de Confins, na região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). De acordo com informações da BH Airport, empresa que administra o aeroporto, 40 adultos e 40 crianças e adolescentes, desembarcaram no local.
Este é o 3º voo em 2020 e o quarto em menos de 4 meses a mandar de volta ao Brasil imigrantes brasileiros que tentaram entrar clandestinamente nos EUA através da fronteira com o México. Ao contrário das viagens anteriores, no voo de sexta-feira nenhum passageiro chegou algemado.
“Você é tratado igual a cachorro. Me senti humilhado. Você fica embaixo de uma lona, com frio. Te dão um cobertor que é uma folha de alumínio”, relatou Breno Silva Coelho, de 33 anos, que foi tentar a sorte nos EUA com a esposa e o filho pequeno. A família é natural de Ipatinga (MG), no Vale do Rio Doce. “Adultos aguentam, mas essa situação para crianças é uma covardia. Não volto lá nem se o Trump me buscar”, desabafou.
A falta de informações é a principal reclamação dos parentes de imigrantes que tentam entrar clandestinamente nos EUA. Entre os deportados, o tratamento a que são submetidos nos centros de detenção é a reclamação principal.
No 1º voo, em 26 de outubro de 2019, chegaram 70 pessoas, no 2º voo, em 24 de janeiro de 2020, 50 pessoas, no 3º, em 7 de fevereiro, 130 pessoas. As deportações atuais fazem parte do novo acordo entre os governos do Brasil e dos EUA, o qual facilita o procedimento de saída daquele país dos imigrantes indocumentados.
Antes do voo de 26 de outubro do ano passado, uma leva maior de brasileiros deportados ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando 278 pessoas detidas no presídio de Florence (AZ) desembarcaram no aeroporto de Confins.
Os voos têm como destino a capital mineira por ser o estado com o maior número de deportados. Em nota, a Polícia Federal (PF) informou que caberá à corporação “realizar os procedimentos de controle migratório, uma de suas competências definidas pela Constituição da República”.
Uma mesa com café, sucos, bolos e pães de queijo foi montada pela administração do Aeroporto Internacional de Confins para a chegada dos deportados. Além da decepção estampada nos rostos, a maior parte dos deportados chega com a roupa do corpo e uma sacola plástica transparente com documentos. No desembarque de sexta-feira (14) à noite, muitos deles calçavam sapatos emborrachados alaranjados, distribuídos nos centros de imigração. O próximo avião com brasileiros que tentaram entrar clandestinamente nos EUA está previsto para chegar a Confins (MG) na próxima quarta-feira (19).
Fonte: Brazilian Voice