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Blog do Mag: Feminismo dominante desqualifica divergência e vê sexo hetero como trauma, diz Francisco Bosco

Blog – O protesto do Globo de Ouro e a carta de Catherine Deneuve e suas colegas francesas reiteram que o processo de combate ao assédio e à supremacia masculina por parte dos movimentos feministas não é monolítico, encerrando visões distintas sobre a sexualidade, a real autonomia das mulheres e o papel dos homens. Mesmo considerando que as duas manifestações midiáticas acumulam camadas de marketing, de estrelismo e algum oportunismo, elas poderiam servir de ponto de partida para um mapeamento das perspectivas em cena? O que cada uma dessas manifestações nos diz?
Francisco Bosco – Sim, há duas perspectivas feministas diferentes em jogo. Antes de apresentá-las, permita-me entretanto questionar o termo que você usou: “reiteramâ€. Infelizmente, houve algo de raro no manifesto das 100 francesas, que foi o fato de um contradiscurso feminista ter sido capaz de fissurar o discurso dominante.
Esse feminismo dominante tem feito de tudo para desqualificar qualquer tipo de dissenso. E, na verdade, continuou fazendo diante do manifesto. Ele logo o reduziu à sua dimensão infeliz, aquela parte que trata da “liberdade de importunarâ€, que realmente mais confunde do que esclarece a zona cinzenta entre assédio e interações heterossexuais aceitáveis, e que é tão importante tentar iluminar.

Fonte: Folha de S.Paulo